quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

ORAÇÃO SEM NOME

O autor deste poema, quem o sabe?
Foi encontrado, em pleno campo de batalha, no bolso de um soldado americano desconhecido.
Do rapaz estraçalhado por uma granada, restava apenas intacta esta folha de papel.

Escuta Deus: jamais falei contigo.
Hoje quero saudar-te. Bom dia! Como vais?
Sabes? disseram que tu não existes, e eu, tolo acreditei que era verdade. Nunca havia reparado a tua obra. Ontem à noite, da trinceira rasgada por granadas, vi teu céu estrelado e compreendi então que me enganaram. Não sei se apertarás a minha mão. Vou te explicar e hás de compreender. É engraçado: neste inferno hediondo achei a luz para exergar teu rosto. Dito isto, já não tenho muita coisa a te contar: só que...que...tenho muito prazer em conhecer-te.
Faremos um ataque à meia noite. Não sinto medo. Deus, sei que tu velas.... Ah! é o clarim! Bom Deus, devo ir-me embora. Gostei de ti, vou ter saudade....Quero dizer: será cruenta a luta, bem o sabes, e esta noite pode ser que eu vá bater-te à porta! Muito amigos não fomos, é verdade. Mas... sim, estou chorando!
Vês Deus, penso que já não sou tão mau.
Bem Deus, tenho que ir.
Sorte é coisa bem rara: Juro, porém: já não receio a morte......

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